Segue entrevista que foi feita com o Pe. Jorge Boran para compor um histórico que fale dos/as assessores que passaram pela CNBB no Setor Juventude
1) Período de trabalho na assessoria do Setor Juventude.
1984 – 1990
2) Nome e diocese do bispo responsável pelo Setor no período.
Dom Sinésio Bohn, diocese de Santa Cruz, Rio Grande do Sul
3) Onde estão morando hoje e o que fazem. Enviar contatos para disponibilizar.
Moro em São Paulo capital. Sou presidente do Centro de Capacitação da Juventude (CCJ). Assessoro cursos e assembleias sobre a evangelização da juventude e a capacitação de liderança no Brasil e no exterior. Também, continuo escrevendo sobre estes temas.
Centro de Cursos de Capacitação da Juventude (CCJ)
Rua Bispo Eugênio Demazenod 463-A
Vila Alpina
03206-040 São Paulo, SP
Tel/fax: (11) 2317 2505
Celular (11) 99649 6858
E-mail: jorgeboran@gmail.com
Homepage: www.ccj.org.br
4) Uma coisa marcante do seu período no Setor.
Foi o período em que nasceu e se fortaleceu a Pastoral da Juventude como conhecemos hoje: coordenações nos diferentes níveis (nacional, regional e diocesano), a promoção do protagonismo dos jovens, as pastorais específicas, a elaboração de um instrumento teórico de evangelização, a definição de uma metodologia clara e libertadora, recuperação de muitos elementos da Ação Católica Especializada dos anos ’60, o Dia Nacional da Juventude (DNJ), o jornal Juventude, as comissões e cursos para Assessores e o fortalecimento de uma espiritualidade que integra fé e ação, fé e vida e fé e política.
5) No contexto que estamos, como você vê o trabalho com jovens na igreja e na sociedade.
Desde o meu tempo de seminarista tenho priorizado o trabalho com jovens. Os jovens são importantes por vários motivos. Trata-se da fase na vida do ser humano em que se tomam as grandes decisões que norteiam a futura direção na vida: decisões sobre projeto de vida, sobre estudos, sobre carreira, sobre vocação, sobre casamento, sobre família e sobre as opções de fé. Portanto, é fundamental que a Igreja esteja presente neste momento, apoiando e ajudando. A juventude constitui um contingente populacional bastante significativo. Há 47 milhões de jovens, no Brasil, entre 15 a 29 anos. Os jovens são o futuro na medida em que estão engajados no presente. Estatísticas mostram que a juventude é o grupo mais marginalizado na sociedade e, portanto, necessitando de atenção. Mas a juventude não é só problema: é potencial de transformação da Igreja e da sociedade. Ignorar os jovens traz conseqüências negativas sérias. A experiência da Igreja nos países desenvolvidos tem mostrada que sua incapacidade de envolver os jovens na vida da comunidade eclesial está levando ao envelhecimento e, em alguns lugares, a morte da instituição. A juventude é um sismógrafo que capta as mudanças subterrâneas que estão chegando e ajuda a Igreja a se renovar para enfrentar os novos desafios da evangelização, no novo contexto da modernidade e da pos-modernidade. Onde há participação de jovens há alegria, há vibração e há vida. São alguns dos motivos que me levaram a dedicar a vida toda a esta opção pastoral.
Creio que o trabalho pastoral com jovens seja uma das mais importantes e, ao mesmo tempo, uma das mais difíceis na Igreja. No Brasil temos a possibilidade de evitar erros cometidos pela Igreja nos países desenvolvidos por que contamos com uma herança pedagógica rica para enfrentar e superar os desafios apresentados pela cultura contemporânea. Elementos importantes nesta pedagogia são: o processo de evangelização que integra o trabalho em pequenos grupos com momentos de pastoral de massa, o protagonismo dos jovens, a formação progressiva que passa por etapas do compromisso de fé e da consciência critica, um modelo de Igreja que se coloca a serviço da construção da fraternidade universal, uma igreja que está a serviço do reino e não de si mesmo, uma espiritualidade que une fé e vida e fé e ação. Enfim uma Igreja que não parece como museu do passado, mas que tem relevância para o mundo moderno.
6) O que significou estar à serviço da Igreja na assessoria do Setor Juventude?
Em primeiro lugar, morar na sede da CNBB, em Brasília, e ter a experiência de comunidade de pessoas idealistas e comprometidas com a Igreja e com o povo. Foi um privilegio conviver com as grandes lideranças episcopais dos anos 80, Dom Ivo Lorsheider, Dom Aloísio Lorsheider, Dom Luciano Mendes de Almeida e outros, num momento em que a Igreja do Brasil chamava a atenção do mundo todo pela sua atuação profética na sociedade. A experiência de viajar pelo Brasil todo e ter contato de perto com as diferentes expressões da Igreja na Amazônia, no Nordeste, em Minas Gerais, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e os outros estados foi uma experiência inesquecível que moldou a visão de uma Igreja encarnada na vida do povo. Foi um privilegio fazer parte de um processo em que nascia e se fortalecia a pastoral da juventude em diferentes dioceses e níveis do país e sentir a energia, o idealismo e audácia de uma nova geração de jovens empolgadas com o desafio de apresentar o Evangelho como resposta às grandes questões da época.