Num tempo onde somos assolados pelo flagelo da migração que tem tirado vida e dignidade de milhões de pessoas, o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e o Teatro da Universidade Católica (TUCA), com outras pessoas, entidades, movimentos sociais, Igrejas, comunidades e famílias, levou 317 participantes, auxiliados por 164 voluntários, a refletir sobre a questão da migração, sob o tema: POR UMA CIDADE ACOLHEDORA: SOMOS TODOS MIGRANTES. Assim de 09 a 17 de Janeiro 2019 se deu o 32ª Curso de Verão. Este ano, pela primeira vez, por questões de saúde, não esteve presente, a tempo integral, o fundador do Curso de Verão, Pe. José Oscar Beozzo, que é também o coordenador geral do CESEEP. No entanto, honrou os participantes com a sua presença no dia em que completou 78 anos de idade. Surpresos e felizes, todos em uníssono de pé bateram palmas e entoaram os parabéns. Na sua curta intervenção, relembrou aos presentes da necessidade de continuarmos lutando por uma sociedade melhor, onde os pobres tenham lugar, vez e voz. Lembrou ainda que essa luta, hoje mais do que nunca, tem de ser conjunta, onde “NINGUÉM LARGA MÃO DE NINGUÉM”. E devemos nos perguntar se queremos um Deus a cima de tudo ou Deus conosco e ser humano a cima de tudo. Pois o nosso Deus é migrante, veio até nós, se encarnou para estar e caminhar conosco, se identificando, sobretudo, com os mais pobres e desfavorecidos.
Durante o curso, foram abordados no TUCA e aprofundados nas Tendas, os seguintes sub-temas: Migrantes: feridas e cicatrizes. Panorama nacional e internacional das migrações; Desigualdade territorial e social e mobilidade urbana; Migrantes e refugiados: proteção, acolhimento e integração na legislação; Migrantes em terra estrangeira: do Êxodo a Rute, a moabita; Fraternidade e Políticas Públicas: Campanha da Fraternidade 2019.
Convencidos da responsabilidade humana, eclesial e cidadã diante do sofrimento de grupos que se movem por diferentes territórios, em busca de um lugar para viver bem, compartilhar e ver sua cultura, sua espiritualidade e seus sonhos, os participantes e voluntários assumiram o compromisso de:
– Aprofundar nosso conhecimento sobre a realidade das migrações, promovendo e participando de grupos de estudos sobre o panorama nacional e internacional e, especialmente em nossos territórios de atuação e vivência;
– Promover a leitura popular da bíblia em grupos, nas comunidades e movimentos, como ferramenta de libertação dos e para os excluídos, referenciados na metodologia do CEBI;
– Conhecer, divulgar e fiscalizar a execução da legislação sobre os direitos das/os migrantes;
– Participar com consciência sociopolítica da luta pela manutenção, elaboração e implementação de políticas públicas que contemplem, favoreçam e garantam os direitos das/os migrantes e refugiados/as;
– Acolher e aprender a conviver de forma integrada e solidária com as/os migrantes e refugiados, valorizando suas raízes, culturas e respeitando sua fé e expressão religiosa;
– Criar e estimular o desenvolvimento de estruturas e redes de solidariedade para acolher e acompanhar as/os migrantes e refugiados/as em suas necessidades;
– Fortalecer e ampliar os espaços existentes de acolhida, escuta e integração dos/as migrantes e refugiados/as, em especial as crianças;
– Combater e denunciar a xenofobia, a exploração da mão-de-obra e o trabalho escravo que vitimizam os/as migrantes e refugiados/as;
– Utilizar as redes sociais para compartilhar conhecimento sobre a realidade das/os migrantes e seus direitos.
Conscientizaram-se ainda de que “assumir esses compromissos implica: a) lutar por um projeto de sociedade onde as políticas públicas coloquem pobres e migrantes no centro dos seus interesses; b) desconstruir os paradigmas do modelo de sociedade capitalista; c) respeitar a diversidade cultural e religiosa de todas as pessoas; d) resistir aos retrocessos atuais em relação aos direitos conquistados pelos trabalhadores; e) reinventar os movimentos sociais e pastorais frente aos desafios que a cidade apresenta nos dias atuais”.
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Elson Lopes