CRITICAR O GENOCÍDIO EM GAZA É SER ANTI-SEMITA?
Jorge Boran
Fui levado, uma vez, por um colega alemão, da mesma congregação, para visitar o campo de concentração de Dacau, na Alemanha. Na entrada ao campo estava escrito em ferro, em alemão, as palavras enganadoras “O trabalho te libertará”. Passamos pelos dormitórios, os lugares de trabalho e tortura, vimos as fornalhas onde queimavam os corpos dos presos – a maioria judeu. No final assistimos a um filme que mostrou as maiores atrocidades, incluindo pilhas de cadáveres amontoados. Num estado de choque, gravei bem a mensagem final: NÃO PODEMOS DEIXAR MORRER A MEMÓRIA DESTE GENOCÍDIO PARA QUE NUNCA MAIS POSSA ACONTECER.
O vídeo a seguir do “Corredor humano” de palestinos se deslocando de volta para o norte de Gaza, após o cessar fogo, é uma imagem dramática de um novo genocídio que está acontecendo, sendo perpetuado pelo estado de Israel que é força de ocupação. O Hitler escondia os campos de concentração e o genocídio dos judeus, durante a segundo guerra mundial.
Hoje, assistimos um novo genocídio em tempo real – na tela de nossos celulares, televisões e computadores. Com o avanço da tecnologia de comunicação, é impossível esconder a destruição de quase a totalidade das casas do povo palestino, a morte de 45.000 pessoas, a maioria crianças, jovens e mulheres, o bombardeamento total de escolas, universidades e hospitais. Utiliza-se como arma de guerra, a fome e a destruição do sistema de saúde. Há, também, a proposta de alguns no governo de Israel de tirar a população toda do país para que seja reconstruido e ocupado por colonos judeus. Alguns discutem abertamente, na internet, o valor imobiliário desta terra ao lado do mar, com bom clima.
Mas a narrativa do governo de Israel é de que quem critica este novo genocídio é anti-semita e contra o povo judaico. Há necessidade de distinguir entre o governo de Israel (que é fortemente influenciado por um movimento político e ideológico extremo chamado Sionismo) e o povo judaíco. Trata-se de uma estratégia para abafar toda crítica. Quem conduz o genocídio em Gaza é o governo de Israel e a narrativa convence, cada vez menos pessoas, no mundo todo, incluindo muitos intelectuais e jovens judaicos corajosos que vivem fora de Israel e participam e lideram protestos contra o genocídio sendo perpetuado em Gaza.
A mensagem de Dacau continua nos desafiando e questionando um mundo que parece perder seu centro moral e volta a barbárie e a lei da selva.
Segue link para o video da multidão de palestinos que voltam a pé para a norte de Gaza depois da libertação de Israel.
Jorge Boran
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