Ordenação do Pe. Élson Lopes para trabalhar com o CCJ no Brasil. Tive a felicidade de participar da ordenação de um novo padre espiritano, Pe. Élson, e seu pais em Cabo Verde, domingo passado, dia 27 de novembro. O Élson fará um curso de inglês de janeiro a abril do ano que vem em Dublin, Irlanda e depois virá para o Brasil para trabalhar com a Circunscrição Espiritana Brasil Sudoeste onde já trabalha outro padre cabo-verdiano, Pe. Assis Tavares.
Cabo Verde é um país formado por dez ilhas vulcânicas na região central do Oceano Atlântico. A cerca de 570 quilômetros da costa da África Ocidental, as ilhas cobrem uma área total de pouco mais de 4.000 quilômetros quadrados. Uma das ilhas, Ilha do Fogo, ainda tem vulcão ativo. No momento da sua independência de Portugal, em 1975, os cabo-verdianos emigraram para todo o mundo, de tal forma que a população no século XX com mais de meio milhão de pessoas nas ilhas é igualada pela diáspora cabo-verdiana na Europa, na América e na África.
A paroquia de Élson, no interior da ilha San Tiago, é composta de 10 comunidades. Trata-se da mesma paróquia do Pe. Assis. A ordenação foi celebrada na Igreja matriz com a participação de quase dois mil pessoas. Chamou atenção os mais de 100 jovens escoteiros da paróquia que formaram uma guarda de honra, ficando de pé durante mais de quatro horas e meia. Um coro de 30 pessoas animou o canto. A celebração foi presidida pelo bispo Espiritano Dom Paulino Livramento Évora. A congregação foi fundada pela Província Portuguesa e este ano celebra 75 anos de presença no país.
O que mais chamou atenção foi a participação do povo na paróquia matriz e na comunidade de Santa Cruz, onde mora a família do Élson. Dava a impressão que somente os cachorros ficaram de fora da celebração e da festa. No final da celebração todos foram convidados para almoçar na casa da família do Élson. Não entendi. Achei impossível uma família dar conta de tanta gente. Depois descobri o milagre da multiplicação dos peixes e dos pães. O povo havia se organizado antes fazendo campanha de alimentos, emprestando pratos, panelas, se oferecendo para cozinhar, para ajudar, etc. Uma vizinha evangélica emprestou cadeiras e alimentos e ajudou a cozinhar ao ar livre. Os jovens enfeitaram o local. Não era a família que organizava a festa, mas sim a comunidade. E como no caso do milagre dos pães e peixes, sobrou comida.
Hoje são poucos os lugares do mundo onde ainda sobra este nível de partilha, doação e organização. Trata-se de um povo simples, em grande parte rural, que vive, na prática, o ideal da primeira comunidade Cristã de Jerusalém onde tinha tudo em comum e eram um só coração e uma só alma. As fotos comunicam a experiência mais do que quaisquer palavras.
Jorge Boran cssp
Confira o álbum de fotos clicando aqui.
[srizonfbalbum id=23]