O excesso de velocidade, apesar de ser altamente perigoso, dá a sensação de que está tudo bem; e melhor ainda se for no Jaguar ou Ferrari (imagino mais pelo preço), pois dá a sensação que está-se mesmo parado no tempo. Mas, mas, basta uma pedrinha, um obstáculo imprevisível aparecer à frente damo-nos conta que estamos em alta velocidade e que já é tarde para travar (frear); há um ditado que convoca todos os condutores à prudência na estrada que diz assim: “mais vale um pé no travão (freio) do que dois no caixão”. Pois, mas há casos que nem um pé, nem dois chega, é o próprio condutor no caixão. É preciso algo que justifique a expressão, “aparatoso acidente” (Suntuoso, espantoso acidente), muito corrente na fala dos jornalistas nos relatos a respeito dos acidentes de viação.

Estava tudo mal, o mundo andava mil a horas, mas a sensação era de que, aparentemente, estava tudo bem. Não faltou placas, perante a correria desenfreada em que se tornou o nosso habitat, a dizer: “tenham calma, mais vale um pé no travão (freio) do que dois no caixão”.

Talvez não foi dito expressamente assim, mas os cientistas de uma forma ou outra, paralelamente, disseram: “estamos em emergência climática; é urgente mudar; aquecimento global”. Hoje, fruto dessa desobediência, embora não se trata do cenário do jardim do Éden, muitos condutores já foram parar ao caixão com os pés e tudo, porque usar travão (freio) é para os “maçaricos” (os fracos/aprendiz). Acho que depois de ultrapassar o covid19, o slogan dos carros de condução (carros de autoescola) “atenção sou aprendiz” deve mudar para “atenção uso travão (freio)”, de modo a evitar acidentes aparatosos, como covid19 que já ceifou milhares de vida, sem falar dos outros milhares de ferimentos ligeiros e graves.

Hoje o cenário seria bem diferente se na hora certa alguém se lembrasse de pôr o pé no travão (freio), parar a viatura, e desligar os motores. Mas na vida prática dá mais prazer acelerar do que travar (frear). Somos mais apaixonados para o barulho e fumo do motor, do que pelo silêncio. Xeque-mate!

O jogo de xadrez nunca foi jogado ao mais alto nível na história como se joga hoje; hoje para jogar xadrez não é preciso whisky (à patrão/à rico), não é preciso falar dos projetos milionários enquanto se joga, até porque hoje só há um único projeto, “salvar vidas”, que não é um projeto milionário mas tem devorado a economia global, etc. E perguntas, porquê…? Sabes, é que nosso adversário é invisível: O covid19. O rei, a rainha, cavalos, torres, bispo (embora que o papa tem mais puder), peões, estão todos em perigo, preste a um imprevisível, a um inevitável, xeque-mate!

Parece-me que quase tudo está fechado, escolas, fronteiras, igrejas, empresas. Xeque-mate! Coronavirus!? O que é isso? Primeira definição e primeira resposta: É um vírus, família do vírus SARS, que já infetou centenas de pessoas desde o início do surto em Wuhan, na China… “Ah isto é lá com os chineses, não chega aqui”. Para quem pensou assim, sendo eu um deles, Xeque-mate!

 

Não há missas, não há celebrações da semana santa, comunitária, não há catequeses, confissões, etc. O quê? Os bispos não estão a bater bem. Como pode ser isto, um vírus lá na China, que muito provável não vai chegar aqui, vai cancelar tudo, isto é um absurdo, não concordo. Desculpe Sr. Bispo, acho a sua decisão precipitada. Pois, para os conservadores, tenho pena, mas… Xeque-mate! Coronavirus na China? “Opa já obtive esta informação, que chatos! Coronavirus na europa?! Ah que informação dramática!”Por causa de um vírus o país vai ficar de quarentena? Isto é mais uma manobra suja da política e de quem o faz”. Até podia ser, mas olha… Xeque-mate!

Enfim, aproxima-se o fim da jogada e estamos a perder. Mas o que me consola é que qualquer adversário, por mais poderoso que ele é, tem o seu ponto fraco. O ponto fraco do covid19 é simples, até um recém-nascido consegue vence-lo, basta deitar quietinho no berço, ou ficar em casa. É a nossa única oportunidade de dar um xeque-mate depois de levar tantos. Fique em casa, proteja o teu rei, a tua rainha, o teu bispo (insisto que devia ser o papa), os teus cavalos, a tua torre, os teus peões, e juntos, como equipa, com atitudes, avancemos para a grande jogada fatal, ou derrotamos de vez o adversário ou seremos derrotados por ele. Mas temos 99% de dar, usando a tática de “ficar em casa e lavar as mãos” (entre outros cuidados), um grande xeque-mate nesta jogada de xadrez contra o adversário invisível.

 

Sejamos solidários, mesmo que no teu país ainda não se deu início ao campeonato do xadrez, fique em casa em comunhão com os que estão em pleno campeonato, sobretudo para aqueles que são cristãos, está é a hora de demonstrar o amor pelo teu próximo, e reafirmar a fé num Deus que tudo pode, mas que necessita que façamos a nossa parte! Todos nós juntos somos capazes de dar ao nosso adversário invisível um grande xeque-mate!

 

Gilberto Duarte Borges,

Noviço caboverdiano CSSp

 

 

 

Atenção: o texto foi escrito em Cabo Verde.