Este vídeo dos muçulmanos perturba, de modo especial, frente ao massacre recente de 80 pessoas na França. O massacre foi provocado por um terrorista muçulmano que explodiu uma bomba no meio de uma multidão.

Mas, não é a religião que provoca violência entre as pessoas, mas sim, a tendência de intolerância dentro coração humano. Esta intolerância usa religião como também usa diferentes ideologias, como por exemplo, o nacionalismo, para justificar suas atitudes e ações. Trata se de um poderoso argumento para convencer as massas dizer que Deus está do seu lado. Quando um lado se apresenta como dono da verdade, como neste vídeo, se torna difícil o dialogo. Nós nos esquecemos de que a Igreja Católica, também, sofreu desta tentação no passado. Um dos grandes avanços do Concilio Vaticano II, que terminou em 1965, foi a aprovação do documento sobre o Ecumenismo e que falava da liberdade religiosa e a necessidade de dialogo entre as religiões. O documento foi rejeitado pelo francês Arcebispo Lefebvre que depois formou outra Igreja. Ele justificava sua atitude com argumento simples : “Se nós temos a verdade, o erro não tem direitos” . Os mais velhos se lembram da afirmação teológica que circulava nos meios eclesiásticos: “Fora da Igreja não há salvação”.

Frente à cultura moderna, e retomando as suas origens, a Igreja Católica e as outras igrejas cristãs evoluíram. Porque a religião muçulmana não pode também evoluir caso encontre condições favoráveis? Já organizei cursos em diferentes países da África onde há relação excelente entre muçulmanos e cristãos. Visitei quatro vezes um país chamado Serra Leoa onde a maioria da população é muçulmana e os católicos são uma pequena minoria. Há uma excelente relação entre os católicos e os muçulmanos. Muitos muçulmanos foram educados em escolas católicas. Quando falava que eu era de “Catholic Mission” (Missão Católica) muitas portas se abriram. Encontrei vários padres cujos pais haviam se convertidos ao catolicismo.

Para combater o terrorismo há necessidade e de distinguir entre o grupo radical que manipula e a massa de pessoas de fé. Não se pode atacar toda a religião muçulmana que é uma das maiores religiões no mundo. O combate a violência tem que usar duas estratégias: 1. conquistar o povo e isolar os radicais e 2. Combater as causas politicas, econômicas e sociais que mantem este mesmo povo marginalizado, empurrando o para o gueto que cria condições para sua manipulação pelos radicais. No seu livro, “O Medo da Liberdade” o conhecido psicólogo Eric Fromm explica como o ditador Adolf Hitler manipulou uma situação semelhante para provocou o Segundo Guerra Mundial e a morte de 50 milhões de pessoas.

É importante compreender a rapidez com que muitos jovens se radicalizam. O jornalista e psicanalista Contardo Calligaris chama atenção, na Folha de São Paulo, para “as dificuldades econômicas dos próprios países muçulmanos (Tunísia, Egito, por exemplo) são reais. A dificuldade de integração numa Europa cada vez mais hostil também é real. E há a sensação de um certo descaso geral com as vidas muçulmanas mundo afora. Mas o fato é que a morte quase certa na jihad, para uma geração de jovens, parece ter se tornado a grande resposta heroica à mediocridade ou até apenas ao caráter mediano de suas vidas”.

É neste contexto que o Papa Francisco faz um esforço para enfocar o que temos em comum e não o que nos separa e a necessidade de continuamente construir pontes entre as pessoas e grupos.

Jorge Boran cssp

Confira abaixo o vídeo: